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Melhora da atividade no 1º bimestre ainda não indica reversão do cenário

 

A produção industrial brasileira teve discreta alta de 0,3% o primeiro bimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2016. Apesar do avanço, ainda é cedo para afirmar que a crise foi revertida, avaliam fontes ouvidas pelo DCI.
Nos primeiros dois meses do ano, 14 dos 26 ramos de atividade acompanhados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tiveram aumento de atividade.

“Temos sim uma leitura do primeiro bimestre com variação positiva, mas é preciso considerar o efeito da base fraca de comparação sobre esse avanço”, disse o gerente da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo.

Ele lembrou que, no primeiro bimestre de 2016, a indústria recuou 11,5% e a magnitude dessa queda ajuda a explicar o aumento de até dois dígitos em alguns dos ramos e categorias acompanhados pelo IBGE.

Já para o professor de economia do Insper, Otto Nogami, a tendência para a produção ainda é de queda, embora as séries do IBGE com ajuste sazonal apresentem números positivos. “Na série sem ajuste, a indicação ainda é de queda”, citou ele.

Em fevereiro a atividade recuou 0,8% em relação ao mesmo mês do ano passado. Na comparação com janeiro, a produção registrou modesta alta de 0,1% em fevereiro. Mas nos últimos doze meses a indústria brasileira ainda acumula queda de 4,8%.

O sinal positivo nos dois primeiros meses de 2017 veio, em partes, confecção de artigos de vestuário e acessórios – alta de 8,4% sobre um ano antes. No entanto, o histórico de quedas do setor é a principal explicação para a melhora, avalia o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel. “Não podemos negar que houve uma mudança no sinal, o que é sempre bom, mas a indústria caiu muito nos dois últimos anos e não podemos garantir que esse ritmo de recuperação vai se manter nos meses seguintes”, observou.

Segundo Pimentel, o nível de encomendas do varejo para a indústria nos três primeiros meses ficou aquém do esperado e o varejo continua evitando a formação de estoques. “Não temos recomposição dos pedidos, só encomenda quem está com o estoque quase zerado”, disse Pimentel.

Porém, a expectativa de um inverno rigoroso no Sul e Sudeste do Brasil, aliada a queda da inflação, pode contribuir para o aumento das encomendas nos próximos meses. “Se o inverno for bom neste ano, isso pode fazer a perspectiva do varejista melhorar, estimulando as encomendas. Mas ainda vai depender do clima”, afirmou o presidente da Abit.

Segundo ele, o desempenho da coleção de Inverno também vai definir o ritmo de atividade na coleção de Primavera/Verão, a mais importante para o setor. “O inverno, em volume, pode ser pouco significativo. Mas é o giro dos produtos nessa estação que define as compras do varejo no período seguinte”, explicou o dirigente.

De acordo com a pesquisa do IBGE, também se destacaram em janeiro e fevereiro os ramos de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (+18,5%), veículos automotores, reboques e carrocerias (+12,0%) e indústrias extrativas (+8,7%).

“Além da base de comparação ruim, temos algum incremento nessas atividades. Na indústria extrativa, é importante lembrar que esse setor vinha operando em um nível ainda baixo no início de 2016, como reflexo do acidente ocorrido em Mariana [MG]”, destacou Macedo, do IBGE.

Perspectiva

“Apesar das incertezas políticas e econômicas do País, acreditamos que a curva de queda no acumulado deve arrefecer para que possamos ter um crescimento moderado até o fim deste ano”, disse na segunda-feira (3), em nota, o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Alarico Assumpção Júnior.

Em março, as vendas de veículos novos subiram 5,5% sobre um ano antes, totalizando 189.143 unidades.

Já Otto Nogami, do Insper, vê alguma chance de mudança em outros ramos – como Equipamentos de transporte, Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustível e Impressão e reprodução de gravações – se o consumo interno voltar a crescer nos próximos meses de 2017.

“Se o consumo retomar, podemos ter melhora na atividade de derivados de petróleo”, exemplificou ele.

Fonte: Instituto Aço Brasil
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